A Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) foi contatada por antigos e atuais membros de tripulação que fizeram relatos inquietantes de intimidação, ameaças e condições abusivas a bordo da frota mundial da empresa alemã de navegação.
“Os marítimos contaram histórias atrozes de exploração e discriminação nas embarcações da Blumenthal, práticas inadmissíveis na indústria da navegação”, disse a coordenadora marítima da ITF, Jacqueline Smith.
Os delatores da Blumenthal, que pediram para manter anonimato por medo de retaliação, relataram casos de horas extras forçadas, retenção de salários, discriminação com base em nacionalidade e falta de acesso a mantimentos essenciais como comida e água.
“Somos forçados a trabalhar mais do que o horário de trabalho normal e a hora extra não é paga… maquinistas são obrigados a fazer operações de amarração e, se algo ruim acontece, a tripulação envolvida não é ressarcida. Há muitas tarefas adicionais não pagas… Ele fixaram os salários de um jeito que, mesmo que façamos um montão de horas extras e tarefas adicionais, somos pagos o mesmo valor no final do mês”, disse um marítimo da Blumenthal em atividade.
“Eles também estão nos forçando a assinar uma declaração, antes de chegar a um porto com forte presença sindical, pela qual nós, tripulantes de determinada embarcação (da Blumenthal), abrimos mão de nos filiarmos a um sindicato, e nos ameaçam com nos processar se relatarmos isso ao sindicato.
“Os mantimentos também pioraram. Eles mandam um suprimento que dá para um mês e o usam por dois meses. Há limitação de legumes e há certas frutas e mantimentos que são dados somente aos oficiais. O pagamento é sempre tardio e nem são feitos adiantamentos a bordo,” ele acrescentou.
Outro marítimo, a bordo de outra embarcação da Blumenthal, reclamou do acesso a mantimentos básicos: “Temos apenas uma caixa de água (sobrando) e agora o capitão propôs que bebamos água do tanque, mas é uma água que não é boa nem para lavar.”
Antigos marítimos da Blumenthal também conclamaram a ITF a expor o tratamento dado pela Blumenthal à tripulação e um deles disse, “[empregadores] como eles têm que ser expostos. Eles não tem qualquer respeito pela tripulação que trabalhou e continua a trabalhar em seu nome”. Sendo que um outro disse: “Por favor, continuem combatendo este tipo de operador, que é inadmissível na indústria da navegação”.
Estes perturbadores relatos se seguem à detenção do navio Anna Elisabeth, da Blumenthal, em Port Kembla, na Austrália, em 26 de março, após uma inspeção ter revelado sérias deficiências de tripulação, de acordos empregatícios de marítimos, de acesso a folga portuária e de mantimentos de comida.
A ITF, hoje, conclamou o governo da Alemanha e a indústria marítima a juntarem-se a ela numa veemente condenação do tratamento dado pela Blumenthal aos marítimos.
“Estamos falando, aqui, do abuso dos direitos fundamentais desses marítimos. Que sejam pagos pelo trabalho que fazem. Que sejam alimentados. Que tenham direito a associarem-se livremente e a serem representados por um sindicato,” disse Smith.
“Hoje conclamamos o governo alemão, as empresas de frete e a indústria da navegação num sentido mais amplo a que condenem a forma como a Blumenthal explora esses trabalhadores, e que se juntem a nós no convite ao presidente da empresa, Dr. Matthias-K. Reith, a fazer que todas as embarcações da empresa se submetam a Acordos da ITF, de forma a garantir respeito aos direitos, liberdades e condições de trabalho dos marítimos,” concluiu Smith.
CONTATO:
Luke Menzies +61 433 889 844
Sven Hemme +49 1512 7037384
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