LONDRES, BRUXELAS, GRÄFENHAUSEN — Após semanas de greve, cerca de 60 caminhoneiros na área de descanso Gräfenhausen, na Alemanha, venceram a batalha contra o consórcio polonês Lukmaz, Agmaz e Imperia.
Os motoristas, a maioria do Uzbequistão e da Georgia, recuperaram coletivamente mais de €300.000 em salários devidos após a greve selvagem de cinco semanas.
Hoje, os motoristas conseguiram uma importante vitória, assinando um acordo com a empresa polonesa em que ela se compromete a pagar aos motoristas todos os salários pendentes e retirar todas as acusações atuais e futuras contra eles. Os motoristas também se comprometeram a entregar as chaves de todos os veículos 12 horas depois de receberem seus pagamentos.
“A greve em Gräfenhausen expôs a subcontratação descontrolada e as práticas ilegais e violações de direitos humanos e trabalhistas básicos que afligem a indústria de transporte rodoviário na Europa – principalmente os caminhoneiros imigrantes”, disse Livia Spera, secretária-geral da Federação Europeia dos Trabalhadores em Transportes.
“Este deve ser um alerta para as instituições europeias e Estados-Membros introduzirem imediatamente medidas e ações que garantam aos motoristas salários decentes e proteções que preservem sua segurança.”
Edwin Atema, do sindicato holandês FNV, que está em campo na Gräfenhausen, disse: “Estes motoristas mostraram à Europa e ao mundo o que está acontecendo neste setor. Os motoristas foram tratados por esta empresa como animais ou presas fáceis – mas, lutaram como uma matilha de leões e venceram a disputa. Motoristas assim estão mudando a indústria.”
A vitória também veio após os sindicatos que os apoiam pedirem às empresas multinacionais que contratam o Lukmaz-Agmaz e Imperia para serviços de transporte rodoviário e as instituições europeias que se responsabilizem pelas flagrantes violações de direitos dos trabalhadores em suas cadeias de suprimentos e nas rodovias europeias.
Consoante a lei alemã sobre Obrigações empresariais de devida diligência em cadeias de suprimentos, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2023, as empresas multinacionais devem assumir a responsabilidade pela mitigação e prevenção de violações de direitos humanos e trabalhistas e assegurar a conformidade com as regras e regulamentos em suas cadeias de suprimentos do transporte rodoviário.
“Os motoristas grevistas de Gräfenhausen deixaram claro para as multinacionais no topo das cadeias de suprimentos que não podem mais ignorar os problemas do transporte rodoviário europeu”, disse Stephen Cotton, secretário-geral da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF).
“As empresas têm uma escolha – elas podem cooperar com os sindicatos e as associações de seus afiliados para monitorar suas cadeias de suprimentos e remediar abusos, ou enfrentarão mais perturbações como esta, que sem dúvida se intensificarão.”
A ação militante dos motoristas não passou despercebida e recebeu cobertura generalizada da imprensa, assim como apoio dos sindicatos, de organizações da sociedade civil, membros do Parlamento Europeu e políticos nacionais.
“Envio nossos agradecimentos coletivos a todos os sindicatos e organizações na Alemanha, em toda a Europa e no mundo que demonstraram solidariedade e apoiaram os corajosos motoristas – incluindo os afiliados da ETF e da ITF que visitaram os trabalhadores em greve e participaram em outras ações solidárias”, disse Frank Moreels, Presidente da ETF.
“Felicitamos os motoristas que conseguiram esta vitória diante de ameaças e intimidação. O sucesso deles é um testemunho do poder da ação coletiva, solidariedade e perseverança em face à exploração. Esta vitória soa um alarme para todo o setor agir e eliminar o lado negro da indústria ou veremos mais motoristas tomando medidas semelhantes para proteger seus direitos”, disse Paddy Crumlin, presidente da ITF.
Contatos para mídia:ITF: Luke Menzies, +44 7770 728 229, media@itf.org.ukETF: Begüm Boynukalin, +32 478 79 40 53, b.boynukalin@etf-europe.orgFNV: Edwin Atema, +31 6 51610350 (em campo na Gräfenhausen)
Sobre a ETF: A Federação Europeia dos Trabalhadores em Transportes (ETF) representa mais de 5 milhões de trabalhadores em transportes de mais de 200 sindicatos de transporte da Europa, da União Europeia, do Espaço Econômico Europeu e da Europa Central e Oriental, em mais de 30 países. O trabalho da ETF é movido por sua visão de Transporte Justo: empregos de qualidade com serviços de transporte seguros e confiáveis para os clientes.
Sobre a ITF: A Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) é uma federação democrática e liderada por afiliados de sindicatos de trabalhadores em transportes reconhecida como a autoridade em transportes líder no mundo. Lutamos apaixonadamente para melhorar a vida profissional, conectando redes de sindicatos e trabalhadores de 147 países para assegurar direitos, igualdade e justiça para seus membros. Somos a voz de quase 20 milhões de mulheres e homens que movem o mundo.
