Desde que a ITF revelou a história da tripulação do MV Onda, parece que Mohamed Amin piorou ainda mais sua exploração aos marítimos.
A ITF obteve evidências de que a tripulação do MV Onda foi obrigada a assinar recibos de salário a bordo da embarcação em um idioma que eles não entendiam. Os recibos de salários estavam em inglês e os documentos declaravam que os tripulantes tinham recebido todos os salários devidos. Na verdade, a empresa ainda deve a vários marítimos milhares de dólares em salários. Nenhum dos tripulantes sabia falar ou ler inglês, então assinaram as declarações falsas.
As declarações são uma forma de a Amin Shipping tentar se isentar do pagamento de quase US$ 4.000 em salários que a empresa deveria ter pago aos marítimos até agora, mas nunca pagou. O Onda permanece abandonado na costa de Camarões.
O último golpe da Amin Shipping levou os tripulantes restantes a desistirem de sua luta pelos salários devidos.
Louis Veloso, um marítimo da pequena nação insular de São Tome, na costa da África Central, deixou a embarcação há dias com metade de seus salários atrasados. Agora ele está em outro navio. O petroleiro também recebeu algum dinheiro extra e deixou a embarcação.
O cozinheiro do Onda e um marinheiro também receberam parte de seus salários devidos e desembarcaram do navio. Após permanecerem a bordo do MV Onda e suportarem condições terríveis por mais de um ano, o cozinheiro e o marinheiro receberam cerca de US$ 630 e US$ 820, respectivamente.
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O coordenador da Inspetoria da ITF, Steve Trowsdale, disse que a ITF ficou chocada com os patéticos míseros pagamentos aos tripulantes após terem tido que aguentar tanto. Ele foi obrigado a escrever para o registro da bandeira de Togo, onde o navio está registrado. Trowsdale copiou a Organização Internacional do Trabalho, a Câmara Internacional de Navegação e a Organização Marítima Internacional na atualização, onde ele condenou o Togo por sua constante “omissão” sobre o Onda:
Ao Estado da bandeira do Togo,
Parece que o pesadelo da tripulação a bordo do M/V ONDA está finalmente chegando ao fim, não porque o proprietário cumpriu suas obrigações e responsabilidades, mas porque a tripulação está destroçada.
Esses marítimos inocentes sofreram estresse físico, tortura mental, miséria financeira, comentários racistas, ameaças e foram forçados a viver a bordo sob as condições mais desumanas, enquanto o proprietário dava desculpas e mais desculpas. E, assim, para sua sanidade e para poder sustentar seus entes queridos, eles estão deixando a embarcação, embora um último ato de desespero de dois tripulantes tenha envolvido a polícia para tentar recuperar seus salários atrasados.
O proprietário fez mais alguns pagamentos em 3 de fevereiro de 2021, mas não pagou o total devido.
Como informamos a vocês anteriormente, a ITF apoiou um grupo de marítimos indianos a bordo desta embarcação do mesmo proprietário em 2018, exatamente nas mesmas circunstâncias, e nós só podemos supor que, dada a completa ausência de providências tangíveis por parte da bandeira togolesa em ambos os casos, vocês concordam em abrir seu registro para proprietários como este e para embarcações sem seguro, sem classificação e abaixo do padrão.
Nós continuaremos a monitorar o ONDA para tentar garantir que a tripulação substituta não sofra o mesmo destino das duas tripulações anteriores.
Trowsdale disse que mais de US$ 3.800 em salários ainda são devidos pela Amin Shipping aos tripulantes do Onda.
“O proprietário disse que esse dinheiro será pago nos próximos dois meses. Claro que nós não acreditamos que isso na verdade vá acontecer, considerando o histórico da Amin.”
“Como dizemos na campanha de Bandeiras de Conveniência que já dura há décadas, ‘Não há onde se esconder’. O MV Onda e seu proprietário serão alvo de cada inspetor da ITF e sindicatos afiliados até que parem de manchar a reputação da nossa indústria e ameaçar o bem-estar dos marítimos”, disse ele.