2015 foi um ano de grande sucesso para a ITF em todos os níveis: nacional, regional e global (veja nossa retrospectiva de 2015 para saber mais sobre isso). Contudo, o cenário político-econômico continua a inclinar-se para a direita com perigosos precedentes de legislações e atividades antitrabalhistas no mundo todo.
A estrutura do emprego em transportes mudou e mudará ainda mais. Cada vez mais vemos trabalhadores sendo jogados uns contra os outros à medida que a informalidade e a desregulamentação continuam ganhando espaço em nossos locais de trabalho. Os direitos sindicais estão sob ataque em diversos países e locais de trabalho e são muitos os trabalhos sendo submetidos ao fardo da discriminação e do assédio por causa de empregadores determinados a obter vantagens comerciais mediante o ataque a padrões laborais. A despeito desses desafios, começamos o Ano Novo mais fortes e focados do que nunca, tanto com relação aos nossos afiliados nacionais como globalmente.
É difícil crer que já se vão 18 meses desde que nos reunimos em Sofia para mapear o nosso caminho até 2018. Aquela semana na Bulgária nos deu a oportunidade de consolidar nosso pensamento e solidificar nossas prioridades na forma de quatro alavancas – um arcabouço para enfrentar as questões das quais dependem a sobrevivência do movimento sindical.
A primeira delas diz respeito a consolidar os “hubs” e corredores. Sabemos que ao falar sobre o comércio global existem gargalos estratégicos e que o que acontece nesses pontos tem um efeito imenso sobre cadeias de suprimento inteiras. Seguiremos em frente fomentando o poder dos membros e aumentando as filiações nos pontos estratégicos, quer seja em “hubs” de logística, quer seja em portos e aeroportos. Isto dará a oportunidade de não apenas promover mudanças positivas para esses trabalhadores como também para toda a família ITF.
A questão das cadeias de suprimento globais estará pela primeira vez na agenda da conferência da Organização Internacional do Trabalho em junho deste ano, sob o título de “Trabalho decente para as cadeias de suprimento”. Devemos nos certificar de que a voz dos trabalhadores em transportes seja ouvida em alto e bom som durante as discussões que poderão ter um impacto de longo prazo sobre as condições de trabalho do nosso setor. As delegações nacionais que participam da conferência incluem um representante sindical. Conclamamos os líderes sindicais da ITF para que vejam como garantir essa posição para um membro do seu sindicato, de forma a que os trabalhadores em transportes tenham a melhor representação possível.
A segunda das quatro alavancas é desenvolver a capacidade de influenciar atores líderes da indústria, de forma a que nos envolvamos na configuração de padrões ao longo de todo o setor de transportes. As multinacionais crescem e um punhado de gigantes da indústria tem impacto sobre as vidas de milhões de trabalhadores. A influência dos sindicatos de trabalhadores deve ser sentida ao se tomarem decisões no âmbito dessas multinacionais, que de maneira tão aguda afetam os trabalhadores, suas famílias e a sociedade como um todo.
Além disso, 2016 será um ano em que continuaremos nosso trabalho com outras federações globais sindicais para aumentar o poder dos trabalhadores ao longo das fronteiras do setor. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar os vínculos entre os trabalhadores em transportes e aqueles de setores relacionados.
A filiação em massa é a terceira das quatro alavancas e sua importância é crescente à medida que nos deparamos mais uma vez com um cenário global hostil à justiça trabalhista e social. Somos a organização de massa democrática por excelência em todo o cenário mundial, o que nos dá um poder sem igual, que temos que maximizar. A ativação da filiação em massa consiste em fomentar esse poder único e ser capaz de recorrer ao poder das nossas bases conforme se faça necessário.
Aprofundaremos nosso trabalho de construção de alianças poderosas com grupos da sociedade civil no que tange a questões chave para trabalhadores e comunidades: segurança sustentabilidade, infraestrutura, serviços públicos.
Por fim, em 2016 haverá mais pesquisa e planejamento estratégico para acompanhar mudanças geográficas e preparar nosso movimento para o futuro, em alinhamento com as quatro alavancas do congresso. A paisagem global está mudando com megaeconomias como China, Índia e Russia emergindo. Vamos levar mais adiante programas de desenvolvimento de sindicatos para países importantes e de elevado crescimento, reconhecendo a necessidade de que “sigamos o comércio”.
Em sua maior parte, as quatro alavancas e, consequentemente, os projetos prioritários da ITF com enfoque em sindicatos, dizem respeito a equilibrar os pratos da balança de forma a favorecer as pessoas comuns e trabalhadoras. Elas confiam no fato de que somos uma organização colaborativa e transparente que põe a justiça social no cerne de tudo que faz.
Sim, 2016 trará desafios, mas também oportunidades. Continuaremos a crescer e a nos desenvolver e nossas conquistas serão em prol dos trabalhadores, de suas famílias e de suas comunidades, porque é isso o que fazemos quando nos unimos.
Contamos com continuar trabalhando juntos neste ano, em nome das mulheres e homens trabalhadores que dependem do nosso movimento trabalhista e das nossas campanhas para obter justiça, empregos seguros, um mundo sustentável e ambientalmente funcional, transparência nos locais de trabalho, engajamento político e democrático e, acima de tudo, uma paz que permeie toda a humanidade, independentemente de religião, raça, idade e gênero.
Viva a ITF! Vida longa à ITF e a tudo aquilo que representamos e lutamos por conseguir.
Solidariamente, Paddy Crumlin, president da ITF, e Steve Cotton, secretário geral da ITF.
Uma mensagem do presidente e do secretário geral da ITF
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