Skip to main content

Greve nacional no Brasil pela defesa das condições de trabalho dos portuários

Notícias

Portuários nos principais portos do Brasil protestam contra ameaça aos direitos em proposta de emenda à lei nacional.

Trabalhadores portuários da CONTTMAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos), afiliada à Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF), estão realizando hoje uma paralisação de 12 horas em todas as atividades nos 32 principais portos do país.

Os portuários estão protestando contra a proposta de emenda à Lei dos Portos de 2013, que permitirá a terceirização de empregos, o aumento da precariedade e o enfraquecimento total dos direitos dos portuários que foram estabelecidos muito tempo atrás.

No recente Congresso da ITF em Marrakesh, portuários de todo o mundo mostraram solidariedade com seus companheiros e companheiras do Brasil.

O presidente da ITF e presidente da Seção de Portuários da ITF, Paddy Crumlin, disse: "Os portuários de todo o mundo estão os apoiando com uma mensagem: respeitem os portuários brasileiros, dêem-lhes o direito de trabalhar, dêem-lhes o direito ao reconhecimento, dêem-lhes a jurisdição, ou caso contrário, o Brasil não será capaz de avançar de forma significativa".

"Esse protesto dos portuários brasileiros é completamente legítimo porque as iniciativas dos empregadores buscam tornar a força de trabalho no porto precária", disse José Adilson, vice-presidente da CONTTMAF e presidente do Comitê Regional da Seção de Portuários da ITF para a América Latina.

"Os estivadores não estão dispostos a aceitar a emenda a esta lei porque também significa um sério risco para a segurança das operações portuárias. Todos os setores dos trabalhadores em transportes representados pela CONTTMAF são solidários com a luta de nossos portuários".

A Lei dos Portos do Brasil regula os contratos administrados por meio do Órgão de Gestão do Trabalho (OGMO), sem fins lucrativos, que supervisiona a remuneração e os termos e condições dos portuários. O OGMO garante ainda a formação profissional, as qualificações e a organização da segurança e saúde no trabalho e estabelece a contratação exclusiva de trabalhadores nas categorias de capatazes, trabalhadores de bloco, estiva, inspeção de carga, reparação de carga e vigilância de navios.

A proposta de alteração da lei, que está em discussão perante uma comissão da Câmara dos Deputados, visa eliminar a contratação exclusiva de trabalhadores autônomos inscritos no OGMO. Isso representaria uma oportunidade para os empregadores terceirizarem os empregos, criando um risco real nas operações no porto e eliminando direitos nos portos.

Edgar Díaz, Secretário Regional da ITF para a América Latina, acrescentou: "Os portuários, representados por sindicatos afiliados à CONTTMAF foram excluídos dos debates sobre esta emenda. Isto vai contra o espírito do diálogo social estabelecido pelas convenções 87 e 98 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

"A ITF e seus afiliados apoiam a CONTMAFF em querer impedir a emenda desta lei e a necessidade vital de que o movimento sindical seja incluído no diálogo social."

A ação no Brasil ocorre após uma série de greves portuárias em todo o mundo em defesa dos direitos sob ataque, incluindo a greve da Associação Internacional de Estivadores (ILA) contra o USMX na Costa Leste dos EUA, a ação industrial do Sindicato Marítimo da Austrália (MUA) em toda a Austrália contra a Qube Ports, a batalha por respeitar o direito básico à liberdade de associação que está sendo combatido pelo sindicato turco Liman-İş contra o empregador portuário de Borusan, Borusan Lojistik AS, e a greve do Sindicato Democrático dos Trabalhadores do Conselho de Trabalho Portuário de Karachi (KDLBDWU) no Paquistão para defender o Conselho de Trabalho Portuário de Karachi e seu papel na garantia de salários e condições decentes.

"Os direitos básicos dos portuários estão sob ataque em todo o mundo agora – mas, como sempre, os portuários estão se unindo e lutando para garantir seus direitos. A ITF está junto deles", disse o coordenador da Seção de Portuários da ITF, Enrico Tortolano.

"O lucro corporativo e os políticos que buscam vender seus próprios trabalhadores e trabalhadoras não ficarão sem resposta. Como sempre fez, a ITF fará o que puder para construir a unidade e a solidariedade global que garantirá que os portuários ganhem suas lutas e mantenham seus direitos."

EM CAMPO